quarta-feira, 15 de novembro de 2006

A Blusa Azul


É curioso como o ser humano vive sempre se reorganizando. Eu, pelo menos uma vez por mês tenho que me reorganizar. Não só em relação às contas a pagar, como em relação a minha própria vida, e até mesmo ao meu quarto.
Ser auto-exigente é uma merda. Se uma coisa não vai bem, ou não está do jeito que eu quero logo penso em desistir. É o caso do curso de Inglês. Está difícil conciliar tempo, sono e a vontade de ir ao curso. Semana passada caiu uma chuva torrencial que me impediu de ir e esta semana estava “reorganizando” a minha vida.
Fazia tempo que eu não re-arrumava meu quarto e o meu armário. Isso é mais ou menos fazer uma leve faxina na sua vida, na sua mente e em suas lembranças, afinal minha mãe sempre diz que o estado de um quarto de uma pessoa é reflexo de como anda a sua cabeça.
Nestas arrumações você acaba encontrando alguma pendência que ficou dentro de uma gaveta, ou se depara com aquela velha camiseta que você teima em ficar com ela, embora ela já esteja esgarçada e desbotada. Mas a visão da roupa sempre lhe traz uma lembrança imediata, uma boa sensação que te impede de se desfazer dela, mesmo que você só a tenha usado uma vez.
Hoje eu fiz isso com uma blusa azul. Eu só a usei uma vez, mas como ela cismou em ficar curta, ou eu cismei em engordar demais, enfim, nunca mais esta blusa me serviu. Mas ela me trazia algumas lembranças, do tempo em que terminei meu namoro, há dez anos. Foi uma época difícil, que marcou algumas mudanças significativas em minha vida. Talvez seja por isso que nunca quis me livrar dela. Comprei de uma moça que vendia roupas quando eu era estagiário.
Engraçado, eu achava que a minha vida nesta época era extremamente organizada, e só agora me dou conta que não era, aliás, nunca foi. Porque há sempre um fator divino que nos impede de comandar as nossas vidas, e que está sempre lembrando quem é que manda. Isso sempre acaba me pondo em conflito comigo mesmo, afinal, como eu já disse, eu sou bastante auto-exigente. Ainda bem, pois sempre achei que os conflitos são bastante saudáveis.
Enfim, num gesto involuntário, sem pensar muito, me desfiz da blusa colocando na caixa para doações que temos na garagem. O mais curioso é que a minha mãe gostou da blusa, e resolveu ficar com ela, ou seja, toda vez que vê-la com a blusa, lembranças de um tempo que não quis deixar para trás virão à tona. Ainda há um motivo para que eu me lembre deles. Futuramente descobrirei porquê.
O saldo positivo disto tudo é que nessa organização confusa, consegui fazer duas coisas que queria há muito tempo. Organizar minhas músicas no computador, começar a me desfazer das minhas fitas K7 (calma, não acabei com a nostalgia, só vou transformá-las em MP3) e arrumar tempo e inspiração pra começar este blog. Sinal de que a minha cabeça anda mais organizada (risos).
Queria reabrir este blog como tentei fazer antes, com poesias antigas que escrevo desde os 15 anos. Mas achei que elas pertencem a uma outra pessoa melancólica, que perdeu tempo demais procurando algo que já sabia ser impossível de se encontrar. Alguém que se alimentava da própria angústia. Acho que ele ficou pra trás. Por isso resolvi reabrir este blog com este fato que acontece periodicamente na minha vida. A reorganização. Fatos passados, é claro que virão à tona de vez em quando, mas talvez eles só como um alerta do que houve e de como devo agir daqui pra frente. Espero que vocês gostem.
Um abraço!

2 comentários:

  1. Fatos passados pra mim são as coisas mais preciosas que tenho. Entendendo-os e enxergando-os com uma visão diferente e não a tal nostálgica (de vítima), podemos nos dar conta do quanto eles nos ensinam, nos fazem crescer e nos tranformam em homens e mulheres, DE VERDADE!!! Mas é importante sim, usá-los simplesmente para aprender e não sofrer, se auto-flagelar ou se anular. Se nós respeitássemos esses fatos, veríamos como é fácil ser uma pessoa melhor. Mais descomplicada, (re)organizada, enfim... utilize-se dos seus fatos passados como um grande presente, um grande aprendizado que Deus botou na sua frente, e só cabe a você interpretá-lo, que entendo perfeitamente, não é nada fácil... afinal... o "instinto inicial" do ser humano, é sofrer, chorar, se lamentar, se anular e até achar que etá se defendendo. Mas tenho certeza que depois de anos ou quem sabe vidas, ele se dá conta do quão importante foi aquele acontecimento e o quão proveitoso pode ser. E como pode te ajudar a ser alguém """"perfeito""""!!!!
    Bruno, meu lindo!!!! Você sabe que tenho um carinho e uma afinidade por você que até hoje não sei explicar, mas de uma coisa tenho certeza, a sua sensibilidade e sinceridade me fazer a cada dia aumentar sentimento. É bom ter pessoas assim ao nosso lado, afinal, cada dia mais se tornam uma JÓIA RARA!!!
    Te adoro.
    Beijo enorme, Aline. 26 de abril 10:23

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  2. Bruno, eu gostei muito. Vc me parece ser um cara que além de poeta possuí uma grande sensibilidade, inteligência, e talvez seja um pouco solitário. Legal poder acessar o seu blog. Legal poder conhecer um pouco de você. Beijo no coração. Marcia 26 de abril 7:49

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