quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A Despedida de Rubinho Barrichello e "Manipulação" da Globo


Essa semana noticiou-se que é bastante provável que Rubinho Barrichello não corra mais na Fórmula 1. Pelo menos não na temporada de 2012. O piloto deixa o circo consagrado apenas como o corredor que mais tempo permaneceu nos campeonatos que rodavam o mundo e encanta hoje em dia mais pelo circo e pelo glamour, do que pelas suas previsíveis corridas. Muitos acham que o brasileiro demorou pra sair, outros acham que a culpa disso tudo é a Globo, que tentou fazê-lo um herói depois da morte de Senna, apenas para que continuasse tendo sua audiência garantida nas manhãs de domingo.

Não acho que o problema do Rubinho  seja a Globo. O brasileiro tem a mania de culpar a Globo por tudo. Aliás o brasileiro não gosta de nada que dá certo nesse país. Parece que temos que ser sempre aquele país de terceiro mundo para que o povo continue contente e pare de falar mal de alguma coisa boa e fique apenas reclamando que somos um país de terceiro mundo, sem tomar uma atitude pra mudar essa situação.

Na minha opinião, quem tem a cabeça no lugar não se deixa envolver pelo glamour que a Globo envolve seus personagens. Ayrton Senna não se deixou manipular, e hoje em dia vemos Anderson Silva, que a emissora (e principalmente o Galvão Bueno, que muito se autopromoveu às custas de sua "amizade" com Senna) tenta transformar num novo ídolo nacional, e com o Ronaldo Fenômeno, idem. Nenhum deles deixou-se levar pelos holofotes e levaram suas vidas (mesmo fazendo algumas cagadas, como o "Fenômeno" e os travestis, rsrsrsrs), sendo sempre verdeiros, sem criar fatos para só pra saírem na mídia. Quando a pessoa é simples e tem a cabeça no lugar não se deixa levar por essas coisas. Xuxa foi um exemplo disso, pois soube arrebentar essas amarras do lado negro do marketing criado a seu redor ao romper com Marlene Mattos, que a via apenas como um produto a ser vendido. Hoje vive a sua vida sem alardes, mas do jeito que quer, e não da forma como querem, como um produto a ser vendido. E isso não acontece só na Globo, mas com toda a imprensa, que manipula as celebridades como brinquedos na vitrine, prontos a serem vendidos a seus patrocinadores. Outro que jamais tentou se deixar levar por essa farsa foi Silvio Santos, que embora seja até hoje criticado pelos hipócritas de plantão por jogar dinheiro à platéia, se mantém aos 82 anos firme e forte há décadas com seu programa dominical em horários de grande competição por audiência, sendo simplesmente o Silvio Santos.

E é assim que toda a imprensa, não só de TV, mas também escrita e até de internet age. E é assim que a Globo age também com os esportes. Como um produto a ser vendido a seus patrocinadores. E para que isso se realize é necessário audiência, ou seja telespectadores. quanto mais telespectadores assistirem a determinado programa, mais valorizado é o espaço dedicado aos patrocinadores. E todo esse povo que fala mal da Globo, com certeza ou acrescentou pontos ao IBOPE da emissora, ou apenas faz um coro ao melhor estilo "maria-vai-com-as-outras" apenas porque tem que falar mal de alguma coisa, por que é legal e dá destaque falar mal.

A Globo, gostem ou não, é extremamente competente no que faz, e não é porque como dizem, que ela "manipula as informações", ou porque "quer construir um universo de alienados", ou "impor a convivência com homossexuais" em suas novelas. Argumentos como esse em plena era do controle remoto é subestimar a inteligência até do mais desinformado brasileiro. Se o programa de TV é chato, enfadonho ou simplesmente não interessa, um simples toque no botão resolve o problema. E hoje em dia, até os celulares "made in china" com quatro chips e  TV digital, que custam R$ 99,90 na Vinte e Cinco de Março ou no Saara possibilitam qualquer uma mudar de canal e assistir um programa de melhor qualidade em dúzias de outros canais. Se a Globo influencia tanto como dizem, mesmo os menos instruídos, é porque tem a competência de fazer um produto que prenda a atenção e agrade de "A" a "Z", mesmo que seja um produto como o BBB por exemplo, em que todos falam mal na internet, mas depois provavelmente correm para o pay-per-view para ver próximas cenas de sacanagem (como se nessa edição fosse a primeira vez que isso tivesse acontecido) que irão acontecer. E daqui a alguns meses, essas mesmas pessoas vão mudar de canal, e vão assistir o mesmo circo, só que dessa vez com as pseudocelebridades da "Fazenda". E a Record cinicamente fica fazendo um monte reportagens falando mal do programa, como se seus produtos fossem algo de primeira qualidade e inovadores.
 Mas voltando ao foco do assunto: Rubinho Barrichello. Na minha opinião de espectador e fã da F1, pra mim ele sempre foi um corredor mediano. Perdi toda e qualquer esperança em vê-lo sagrar-se campeão de alguma coisa, quando ele, com a faca e o queijo na mão, tirou o pé do acelerador pra deixar o Schumacher ganhar uma corrida. Oras, por mais "profissional" que ele tenha sido, naquele momento ele pensou apenas em "não se queimar" com a equipe, que não pensou duas vezes na primeira oportunidade de dar-lhe um solene pé na bunda. Poderia ele ter saído dali consagrado, e talvez desempregado, mas se tivesse tomado uma atitude de raça, com certeza se fosse despedido seria fato ser contratado por uma nova equipe posteriormente. Mas naquele momento, acredito eu que ele pensou apenas aonde seu calo mais aperta, talvez no salário, talvez na vaidade de fazer parte de uma "grande" equipe, não sei. A única coisa boa que essa atitude pequena de Rubinho causou foi uma reflexão do corporativismo da F1, que nada tem a ver com a Globo, e sim com o próprio circo da competição, que foi questionado diversas vezes, e que a cada ano perde mais espectadores, e por consequência patrocinadores, para campeonatos mais emocionantes do que a hoje a enfadonha F1, com resultados quase que impossíveis de não se adivinhar. De nada adianta a cada ano mudarem as regras se o que prevalece são os mesmos interesses de meia dúzia. Mas quem sou eu para dizer algo sobre um campeonato mundial que movimenta anualmente milhões de dólares, não é? Se o pouco que sei já faz com que eu pense assim, imaginem quem vive isso 24h por dia. De repente, não se pode culpar Rubinho por algumas de suas atitudes. ele fez o que tinha que ser feito. Cumpriu o seu papel. E só. talvez seja isso que o diferencie de Senna.

Espero que Rubinho tenha aprendido sua lição na F1. E tomara que continue correndo, afinal caráter e talento ele tem de sobra. Mas talvez em outras competições em que não haja tanta pressão e cobrança por audiência (pelo menos no Brasil), ou em um outro lugar menos manipulável ele se sinta confortável para fazer o que mais gosta na vida ele consiga colecionar mais troféus e vitórias e ser o herói que os brasileiros tanto querem.

Boa Sorte Barrichello!!

sábado, 7 de janeiro de 2012

OS REFLEXOS DE UMA OMISSÃO


Demora na recuperação da imagem da região serrana fluminense prejudica a alta estação de 2012

por Cláudio Magnavita*

O que está ocorrendo com os empresários de turismo da região serrana fluminense é um verdadeiro crime. A realimentação pela mídia da tragédia ocorrida há exatamente um ano, que obrigatoriamente faz um balanço das medidas que foram adotadas para recuperar as áreas atingidas, está deixando sobressaltados os turistas em pleno período de alta estação e é agravada pelo tom de sensacionalismo na divulgação das manifestações climáticas naturais, que sempre ocorrem anualmente no verão e que nada se assemelham com a tragédia de janeiro de 2011.

Os empresários de turismo da Serra Fluminense perderam toda a receita da alta estação do ano passado e lutaram duramente para recuperar a imagem da região. Fizeram de tudo para mostrar que a tragédia foi pontual, não atingindo todos os equipamentos hoteleiros da região e que a grande maioria dos estabelecimentos continuou a funcionar.

Sofrem agora este duro golpe, por absoluta falta de informação.

O ciclo das chuvas de verão tende a diminuir na segunda quinzena de janeiro e os índices de 2012 estão dentro do esperado, da normalidade.

A acessibilidade rodoviária está plena e as medidas de prevenção adotadas pós-2011 acabaram com o elemento surpresa, que potencializou o número de vítimas na ocasião. O crime é deixar estes empresários órfãos, sem a ajuda de recuperação de imagem, que foi festivamente prometida em julho de 2011 pelo Governo Federal, mas que hoje, além de estar engavetada, foi desidratada nos números originais. O pior é quem tem a chave do problema se deixar contaminar com a  onda de alarmismo gerado pela mídia e cruzar os braços esperando que passem as chuvas para só depois agir.

No Plano Estadual, a Secretaria de Turismo do Rio de Janeiro tenta fazer a sua parte. Foi a gestora e anfitriã da solução federal que prometeu os R$ 10 milhões. Ela também é vítima em apostar na pronta ação de Brasília. Agora coordena um evento de gastronomia para o final do mês que poderá ser o divisor de águas. Finalmente montou também um Comitê de Informação e Promoção que funcionará em regime de mutirão para resolver o problema.

A culpa maior, porém, foi a desmobilização ocorrida com os problemas políticos em algumas das cidades e que resultaram no afastamento de gestores municipais.  Perdeu-se um tempo precioso e agora o aniversário da tragédia chegou e, ao reviver na mídia os eventos de 2011, é exatamente o turismo, que depende de imagem, a nova vítima.

Cabe ao Governo do Rio cobrar com veemência o que lhe foi prometido, afinal não se trata de uma unidade federativa qualquer. Além da sua importância econômica e política, é no turismo que o Rio é um exemplo para o país.

O poder municipal, empresariado local, Governo Estadual e Federal precisam agir. E rápido. Não basta ter boa vontade, é preciso ação e coragem para que a alta estação turística da região serrana fluminense em 2012 não evapore pela falta de pulso firme para solucionar uma crise anunciada.

*Cláudio Magnavita é vice-presidente do Conselho Estadual de Turismo do Estado do Rio de Janeiro e Presidente do Jornal de Turismo