domingo, 24 de agosto de 2008

A Escalada do Absurdo

Tenho acompanhado nos últimos dias, fatos que vêm sendo divulgados de uma forma peculiar e leviana, que têm interferido na vida de algumas pessoas.

O que ocorre na verdade é a divulgação de uma meia-verdade, que mostra a realidade, mas anexo a ela, armadilhas, inverdades e omissões por parte de seus emissores de fatos que podem mudar totalmente o contexto de uma situação. Esta manipulação gera inúmeras interpretações dos fatos relatados e pode gerar no leitor equivocado, uma série de interpretações danosas à pessoa envolvida na história contada de forma conveniente pelo emissor da mensagem.

O uso do termo “conveniente” ao emissor, se remete ao fato da manipulação ou da “fabricação” de um fato para se maquiar a verdade e seu contexto, o que pode induzir o receptor da mensagem a tomar atitudes que sirvam de desculpas para maquiar gestos nem sempre louváveis ao falsamente envolvido na mensagem relatada. É o que pode-se chamar de apagar um incêndio com gasolina, pois enquanto o emissor dos fatos assiste do seu camarote um linchamento, o envolvido na situação é obrigado a se defender ou ficar calado para provar que somente com o tempo as máscaras caem e a verdade submerge.

Este tipo de atitude do emissor de uma mensagem manipulada, pode vir a se tornar perigosa, pois revela a quem sabe analisar o contexto da situação, o caráter do seu divulgador, daquele que induz a massa à conclusões equivocadas. E como cedo ou tarde os fatos são esclarecidos, aquela massa de amigos manipulados pode vir a tornar-se seus maiores inimigos.

Em busca do sucesso pessoal ou profissional, da vingança, da mesquinharia, do ganho fácil, da dificuldade em aceitar críticas ou caricaturas à sua figura, situações vistas para alguns como normal, tornam-se um crime hediondo e pessoas populares tornam-se condenados, mesmo que seu delito tenha sido matar uma mosca.

Suposições são transformadas em fatos e a manipulação sórdida, baseada em uma mente que apenas olha para a sua perfeição, manobra a massa de acordo com a conveniência do emissor, que manipula seus cães ferozes a latir e agredir pessoas que o incomodam. Os cães por sua vez, também tem sua parcela de culpa, porque se deixam manipular propositadamente, colocando pra fora sentimentos adormecidos ou camuflados. Nestas horas percebe-se quem é quem, e as máscaras são jogadas no chão.

O emissor neste caso, cumpre perfeitamente o seu papel, lança a fagulha, acrescenta o combustível, e sai de cena. O receptor equilibrado assiste a tudo e consegue perceber o que de fato ocorre ns bastidores daquela notícia lançada. Mas o cão desequilibrado, deixa-se manipular e aumenta o poder de distorção do emissor e como na brincadeira do telefone-sem-fio, transformando um copo d’água numa tempestade, e arrasta com eles inocentes úteis de mentes fracas que gostam de ser manipulados e que ainda “conclamam” outros manipuláveis a acender uma fogueira para acabar com o objeto de ataque do emissor. É a mão-de-obra barata e fácil de se conquistar e que funciona à base do efeito dominó, bastando derrubar uma peça para que as demais caiam na armadilha montada.

Por isso, a responsabilidade do emissor deve ser sempre questionada, tendo ele ou não capacitação acadêmica ou intelectual para emitir uma mensagem. Por isso cabe ao receptor da mensagem ter inteligência o bastante para identificar o real motivo daquela atrocidade cometida, daquela “denúncia”. Alguns vão mais longe, citam nomes. Outros apenas induzem tudo indiretamente, mas conseguem atingir seus objetivos da mesma forma.

Emissores são pessoas capazes e inteligentes que têm o poder de expressar um fato. Muitas vezes há o intelecto para reproduzir o fato, mas há também a perversão de deturpar o fato em causa própria, para alimentar a sua doença, o seu capricho, ou para passar como um rolo compressor, no que ele julga ser uma ofensa, transformando entretenimento em guerra, em busca apenas da satisfação do próprio ego.

Nós como receptores de um fato, temos que ter muito cuidado com o que vemos, ouvimos ou lemos, principalmente com o que repetimos ou reproduzimos. O poder análise dos fatos e de saber questionar em qualquer situação o que há por trás dos fatos deve ser sempre analisado antes de emitir alguma opinião. Há sempre uma pergunta a fazer sobre a “denúncia”, sobre o “denunciado”, e sobre a conveniência da conjectura dos fatos, do momento que ele lançado e retirado da evidência.

Muitas vezes é preciso afastar um pouco o livro de seus olhos para poder interpretar e entender o autor. Pensem nisso antes de ouvir, ler, ou ver alguma notícia sem questionar e apurar os fatos ouvindo os dois lados. Há interesses por todos os lados, principalmente nesta época do ano, pois quem hoje aponta a sujeira, pode estar com o dedo sujo de lama.

sábado, 9 de agosto de 2008