Esta semana que passou tive o desprazer em minha cidade em descobrir da pior forma possível que a violência do Rio subiu a serra.
Cerca de 160 presos se rebelaram na carceragem da 110ª Delegacia de Polícia de Teresópolis. Diga-se de passagem, tala evento ocorreu a 10 minutos (a pé!) da minha casa.
Graças a Deus e à eficiência da polícia, tudo terminou rapidamente sem mortos e sem fugas. Porém um debate na cidade foi lançado: A que ponto chegamos?
Teresópolis é a maior prova de que favela não é sinônimo de violência. Segundo o IBGE, é a segunda cidade mais favelada do Estado do Rio, mas em compensação, ocorrem muito menos crimes aqui do que em em outras cidades. E digo mais: os aventureiros que por aqui se arriscam, não ficam impunes. Há pouco, meliantes cariocas assaltaram uma grande loja de materiais de construção e boa parte da quadrilha foi pega na estrada. O Assassinato de um comerciante local foi solucionado em pouco mais de 1 mês. A polícia é eficiente, mas como toda polícia do país, a eficiência fica atolada na burocracia e ineficácia da justiça.
Esta ineficácia amontou 160 pessoas num lugar aonde só cabiam no máximo 80. Isto numa cidade que já deveria ter implantado a Delegacia Legal (um dos raros projetos decentes do Governo Anthony Garotinho) há muito tempo, mas que por mera politicagem da prefeitura com o Governador, o máximo que se conseguiu foi não permitir a implantação de uma Casa de Custódia na área de maior concentração de hotéis e pousadas do município. Gostaria muito de saber o que a família Garotinho tem contra Teresópolis, para querer implantar uma Casa de Custódia numa região turística, apenas por uma questão de logística, (pois ficaria entre Teresópolis e Friburgo).
Mas a questão que me leva a esta postagem é maior do que esta rebelião. Assisti a um programa de Tv local em que 3 defensores da não redução da maioridade penal eram entrevistados. Como eles trabalham numa cidade aonde temos uma Juíza de Menores rigorosa que mesmo com pouca verba, procura colocar em prática o Estatuto da Criança e do Adolescente em prática, trocando a punição por medidas sócio-educativas REAIS e não filosóficas, e como eles trabalham com esta juíza, defendiam que a maioridade permencesse na casa dos 18 anos de idade. Em contraponto, telespectadores enfurecidos ao verem os três homens defenderem seus pontos de vista, ligaram para o programa e declararam toda a sua indignação pelo que foi dito, muito mais pela situação que vivemos do que pela discordância dos senhores que se apertavam no sofá. E vi que ambos estavam equivocados.
O equívoco dos senhores em questão vêm a partir do momento em que eles afirmam qu a questão da violência não vem do menor de idade e sim do problema racial e social do país. Sou obrigado a concordar somente quando se fala em problema social, afinal tudo é muto mais difícil para o pobre neste país. Para o pobre honesto principalmente. Mas dizer que um rapaz de 15, 16, 17 anos (que já tem plena consciência na teoria e na prática de como se engravida uma garota, que sabe manusear uma arma e que SABE PERFEITAMENTE que seus crimes SEMPRE ficarão impunes enquanto ele for menor de idade), é uma criança, é no mínimo uma ingenuidade destes senhores. Infelizmente a infância hoje em dia termina aos 10, 12 anos de idade, independente da classe social que ela pertença. E afirmar que o racismo impede as pessoas pretas de serém alguém na vida é puro racismo também, pois é esquecer quem é Pelé, Tony Garrido, Ronaldinho Gaúcho, Falcão, Heraldo Pereira, Gloria Maria, Daiane do Santos e tantos outros negros que por mais dificuldades que tivessem nunca desistiram de lutar pelo que queriam sem precisar cair na vida do crime. Como disse uma telespectadora: Caem por má índole, não porque são pretos.
Quem assistiu ao DVD "meninos do tráfico" vai entender perfeitamente o tipo de espectativa que tem os menores de idade criminosos. Eles sabem que não tem futuro e que se sobreviverem até aos chegarem os 18, faltamente seu destino não será outro senão a morte e quando eles morrerem, já haverão outros menores ainda para substituí-los. E não é porque eles saõ pretos, ou nordestinos (foram entrevistados menores de todas as favelas do país), é porque eles estão em áreas aonde o Estado não está. É por que a exclusão atual é muito mais social do que racial. É claro que o racismo existe, mas não pode servir de argumento principal para a situação que temos. Talvez o senhores defendam o que eles vêem no seu cotidiano, onde o ECA dá certo, por que tem uma gestora competente, mas não é assim no resto do país, ainde o ECA só serve de escudo pra impunidade de mentes que SABEM EXATAMENTE O QUE ESTÃO FAZENDO E O FAZEM SEM A MENOR CULPA.
É claro que julgar uma pessoa com pouca idade e juntá-lo a um adulto numa prisão é uma incoerência, por isso eu acredito que a redução de pena, da maneira que vêm sendo discutida no Congresso, é altamente oportunista. Porque eu sou a favor da redução da maioridade penal , mas antes disso sou a favor da privatização e reforma completa do sistema prisional do país. Se hoje um preso custa cerca de R$ 4.000,00 aos bolsos do contribuinte, pra comandar falsos sequestros da prisão, então vamos fazer com que estes desocupados trabalhem por sua hospedagem e não dar-lhes banhos de sol e visitas íntimas uma vez por semana. Sou completamente leigo no assunto, mas pelo amor de Deus, façam uma triagem desta gente, não colquem um ladrão de galinhas junto a um serial Killer, não juntem um terrorrista estrategista dono de Facção com um assasino de aluguel, porque senão teremos várias 110ª DPs espalhadas pelo país. Ou já não temos?
Oi Bruno,
ResponderExcluirAchei excelente seu texto. Quisera que todos as pessoas de bem tivessem a capacidade e coragem para se indignar com tanta coisa triste neste mundo, pois só assim a obra do bem se solidificaria.Tem um pequeno porém, mas você abriu espaço para que os amigos façam criticas e eu SOU sua amiga, então posso! Discordo quando você diz que "a violencia do Rio subiu a Serra", pois o Rio não é violento, mas as pessoas que atraídas pela sua beleza e "possibilidades", passam a viver aqui e frustradas, sem realizar o que pretendiam(quando não possuem bom carater), abraçam o lado do mal. O Rio de Janeiro é como a flor que por sua beleza atrai abelhas, mas tambem atrai outros tipos(insetos indesejáveis). A violencia é uma sementinha que existe dentro de todas as pessoas, assim como a passividade, a perseverança... nós é que escolhemos qual delas cultivar... Parabens! quero ver mais produçõs e o livro que você prometeu!